domingo, 14 de agosto de 2011

Dia dos pais

Para muitos, ser pai é só padecer sem esperar o paraíso. Aff!
Ainda há os que encaram isso como uma carnal necessidade
Tem também aqueles que visualizam nos filhos, amizades mil
E esquecem que ser pai é missão diuturna lá, acolá e aqui
Riem e desfrutam dos filhos como goma de mascar... até que ... Ploc!
Inebriados de amor, descobrem algo grandioso em si
Daquelas descobertas em que eu gritaria "eureka" no dia "d"
A maior das descobertas é saber que você ama
De uma forma incondicional o filho "a", "b", "c" ou "d"
E ainda espera o dia em que verá nos netos, um amor "e".

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Verdade incômoda


A morte
Não importa quem somos
A morte nos tem
Não importa como vivemos
A morte nos ama todos os dias
Não importa a quem amemos
A morte egoísta sempre nos leva
A dor
Não importa quem ele foi
Sinto sua falta
Não importa como ele viveu
Sua ausência me machuca
Não importa se éramos próximos ou não
Ele foi meu irmão
O vazio
Não é metáfora
O vazio existe
Não é hipérbole
O coração dói de verdade
E o tempo não mata essa saudade
Só me faz ver com sinceridade
Que só aprendemos a valorizar
Quando o valor já não mais importar
Só sabemos compreender
Quando a compreensão não tem o porquê
E o que fica é a plena certeza da morte, do dor e do vazio
Todo o resto nesta vida, inclusive a lírica deste texto ... são meras vaidades.

sábado, 2 de abril de 2011

Quando acabou, o palhaço fui eu.

Sempre que ouvimos o termo “palhaço”, fazemos ligação direta à imagem do sujeito alegre que se sujeita a todo tipo de situação degradante só para arrancar o sorriso de sua plateia. Por vezes o termo apresenta uma extensão de sentido que transforma a pessoa em algo digno de riso burlesco e que não deve ser levado a sério.
Mas, o que acontece quando o palhaço não quer ser visto como palhaço? Aí temos a nossa clássica “piada sem graça”.
Nesta semana eu fui dar minha aula para um sexto ano. Só para situar o leitor amigo, foi o mesmo onde uma aluna foi atacada por borrifadas de urina em pleno horário de aula.
Um meliante, cuja educação foi desconstruída por variáveis que ignoro, chutou a porta da sala de aula no momento em que eu estava trabalhando com meus alunos (nesta turma, muitos são verdadeiramente interessados nos estudos). Ato contínuo, meus alunos gritaram por mim, para que eu interviesse e resolvesse aquele problema. Do lado de fora, o estranho aluno gritou que “esse fresco (eu), não poderia fazer nada com ele porque eu não sou seu professor”.
Fui em direção da porta e o mesmo foi se afastando antes que eu pudesse chegar perto dele. Foi andando com pequenas paradas e viradas para trás. Quando uns alunos do corredor me viram, apontaram para o aluno desbocado para mostrar-me quem dissera as palavras ofensivas. Limitei-me a ralhar com os mais próximos à porta da minha sala de aula e para o desbocado, simplesmente disse que “nada tinha para falar para ele, pois o que tivesse a falar seria para gestora da escola”.
Voltei para a sala e continuei minha aula. Os alunos, normalmente agitados, perceberam que eu estava visivelmente contrariado e até colaboraram para que tivéssemos uma aula tranquila e alegre, em muitos momentos.
Tão logo saí da sala, fui falar com a gestora e citei o fato e o nome do aluno. Este anti-herói já é conhecido de muitos professores, pois faz parte de um grupinho que domina a escola com atos de vandalismo e completo desrespeito aos educadores e alunos que buscam a verdadeira educação. Para resumir, relatei o fato e, diante da passividade da gestora, disse em alto e bom tom: “Gestora, ou ele ou eu!”.
No dia seguinte, logo no primeiro horário, soube por colegas que lá estavam a mãe e o pai do aluno, na sala da diretora. Não esperei ser chamado e abri a porta, pedindo licença e entrando. Citei o fato aos pais e aproveitei para relembrar aos adultos presentes na sala que, no mundo adulto, nossos anos de vida e nossas experiências são joias preciosas que nos dignificam diante dos jovens e permitem a estes que tenham um referencial para o seu futuro. Ao pivô da confusão, disse que um dia ele sofreria algo semelhante e que entenderia a gravidade dos seus atos.
Mas o fato é que nada aconteceu. No dia seguinte o aluno estava pelos corredores da escola como se nada houvesse acontecido. Comentei o fato com o pedagogo e este me confidenciou que dias atrás um meliante fantasiado de aluno ofendeu-o diretamente e com tons de desafio. E o que houve com o aluno? Nada. Sequer uma suspensão.
Como vi que o mesmo aconteceu com o que me atacou, cheguei a duas conclusões cartesianas:
Primeiro. Para a gestora em questão (e para muitos outros), manter seu cargo à custa dos professores é mais sensato do que correr o risco de ter que assinar uma transferência de um aluno-problema. Daí o fato de muitos colegas simplesmente tirarem a camisa da educação e vestirem a da desídia.
Segundo. Estou obrigado a levar o caso aos escalões superiores pelo simples fato de não poder mais contar com ela. Assim, acabamos por perder a credibilidade enquanto educadores e enquanto equipe docente. Quem perde? Os bons alunos.
Minha dedicação enquanto educador e funcionário público foram jogadas à lama, de uma forma que muitos já viveram e sentiram na pele. Posso até estar exagerando, mas não gosto de ver meu trabalho ridicularizado.
A piada foi criada e o palhaço, no final, foi o fresco que vos escreve.

sábado, 19 de março de 2011

Boatos

Dizem que quem espera, alcança
Falam que há a flor e há a esperança.

Mentem que é falsa a esperança
Ouvidam que não existe só a sua pança.

O sol brilha para todos
já dizia meu velho pai.
mas 
por mais que eu tente
minha esperança sempre cai.

A sombra é para poucos
já dizia a minha mãe
então
o que será do professores
que trabalham feito cães?

Vivo um dia de cada vez

Ontem eu fui criança
Hoje sou adulto
e amanhã... não sei.

Hoje vivo de esperança
por que tenho lembrança
da vida que sonhei.

Mas o amanhã se lança
eu corro mas ele alcança
Lutei tanto que cansei
então vivo um dia
um dia de cada vez.

terça-feira, 8 de março de 2011

Quando a escola vira refém

Dia desses a minha turma de sexto ano foi atacada por um jovem delinquente que circulava livremente pelos corredores externos da escola. Este jovem, de moral deformada, teve a brilhante ideia de urinar em uma garrafa pet de dois litros e jogar o conteúdo da garrafa contra as vidraças da sala de aula onde eu estava. A urina molhou mesa, caderno e parte do corpo de uma aluna que infelizmente estava sentada próxima à janela. Quando eu toquei no líquido amarelado e cheirei (confesso que não acreditava que fosse urina!), perdi completamente o meu controle! Saí correndo e gritando um repertório de impropérios indignos da minha profissão, pois estava cego de ódio. Queria esganar aquele rapaz. Infelizmente, meu fraco condicionamento físico não me permitiu rodear as grades da escola e alcançar o filho meliante, que ria e sumia pelos portões da quadra da escola.

Não entendo como uma Instituição de Ensino consegue ficar refém de uma pequena parcela da comunidade. O fato é que nossa escola vive refém e pronto! Não consigo pensar em outro termo para definir nossa atual situação. Nossa quadra poliesportiva pertence mais aos desocupados do que aos professores e alunos. Não podemos fazer horas cívicas ou aulas práticas de educação física (ou qualquer outra disciplina), porque simplesmente não estarmos seguros para desenvovermos os trabalhos escolares. Temos seguranças patrimoniais que nada asseguram. Temos câmeras e sensores de perímetro que são sistematicamente atacados pelos vândalos como quem manda a mensagem de que “toda essa parafernália de nada nos valerá”. Marcamos reunião com SEMED, lideranças e representantes das polícias, mas estes últimos simplesmente não aparecem e a reunião se torna inócua.

Estamos sós.

A situação se deteriora a tal velocidade, que os desocupados (adultos, jovens e crianças também!) já jogam pedras para quebrar as vidraças da escola, riscam palavrões numa escola recém restaurada (menos de três meses!) e até furtam nossa parca biblioteca, em pleno turno vespertino (testemunhei o fato, pois estava na biblioteca bem na hora que dois rapazes tentaram entrar pelas janelas da sala. Comuniquei à minha gestora imediatamente!).

Precisamos de ajuda. Mas a famosa deixa para a chegada do super herói, Chapolin Colorado, não faz efeito para o nosso caso. “Quem poderá nos defender?”. Sinceramente, já não sei. Só sei que vi vários colegas simplesmente se isolarem e deixar as coisas acontecerem; já vi colegas tentando fazer algo e terem seus veículos atacados de todas as formas que se possa imaginar; e já vi colegas pedirem licença ou remoção, por não poderem aguentar mais o que se passa por lá.

Li recentemente um relato de um projeto com uma comunidade que mudou a realidade de uma escola gaúcha. Exemplos como esses poderiam ser seguidos. Mas... quem liga, não é mesmo?

Não é de hoje que digo que projetos fazem toda a diferença na vida dos alunos, professores e da escola de um modo geral. Mas eu sou apenas um professor. Para que mudanças ocorram é preciso que a comunidade cobre, gestores articulem, professores renovem compromissos, gerentes setoriais colaborem e, acima de tudo, que TODOS intervenham pelo bem comum.

Essa minha iniciativa de sair correndo foi muito temerária. Diria até que fui um grandissíssimo idiota, pois poderia ter sido morto naquela quadra. E minha morte não traria nada de melhor para a vida dos meus filhos ou para a de meus alunos. No máximo, inaugurariam uma quadra com o meu nome e ponto final. E olha que eu nem gosto de futebol!

Estamos reféns. Por definição, a palavra “refém” denota garantia de que alguma coisa seja feita. É como dizem: melhor alguma coisa do que coisa alguma.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Linhas da vida...

De uma forma ou de outra, todos passamos por isso.

Jovens prostitutas e o Crack

Brilhante reportagem. A tragédia social que envolve o tema ainda parece ser um Tabu na nossa sociedade manauense.