quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A importância da mensagem positiva.

Hoje (04/03), a nossa escola deu início ao processo de sondagem inicial, com o objetivo de levantar as características e necessidades das turmas. Gostei muito da ideia de projetarmos um filme para os alunos e, a partir dele, desenvolvermos nossas sondagens. O filme escolhido foi "Os escritores da liberdade".

No turno vespertino, percebi que houveram muitas adesões. A que mais me emocionou foi a dos alunos. Os alunos assistiram ao filme e aparentemente se identificaram muito com alguns personagens da película. O que me faz pensar no pecado que cometemos quando achamos que nossos alunos não são capazes de abstrair mensagens e identificar as subliminares. Acho que nós, os professores, estamos nos deixando contaminar pela apatia intelectual e vocacional. Entre aqueles que entenderam o filme, vi alguns rostos com lágrimas. Isso me tocou de tal maneira que não pude evitar que uma ou duas também caíssem dos meus olhos míopes.

No turno noturno, a projeção do filme foi concentrada em um único local: o refeitório da escola (espero que um dia nossa escola seja premiada com um auditório). Lá, com a clientela noturna, a coisa foi mais tocante: vi alunos que já conhecia de outros anos, totalmente ligados no filme. Vi lágrimas e ouvi comentários do tipo "é assim mesmo comigo" ou "queria que todo professor fosse assim". E foi nesse último comentário que parei e notei que o filme é um tapa na cara de muitos professores.

A pedagogia do afeto (ou pedagogia do amor) é uma vertente ideológica muito criticada por não ser pragmática e de fácil reprodução. Para um professor projetar afeto no seu trabalho, precisa de um amparo que já se tornou ladainha no meio docente: melhores salários, tempo para planejamento e reconhecimento social. Mas eu me pergunto se o afeto vem antes ou depois do dinheiro e do reconhecimento social. Eu mesmo estou cheio de dívidas, e já não tenho braços para equilibrar os pratos que giram sobre minha cabeça, com as prestações do carro, o empréstimo consignado e aquele crediário da Bemol (que já estão me ligando...). Mas, e o meu afeto? Sim; por incrível que pareça, ele existe. Ao idealizar um ano letivo, como professor eu mostro meu afeto e planejo como mostrá-lo aos alunos. Ao fazer pequenos sacrifícios, posso socializar minhas intenções positivas junto aos alunos e colegas de profissão. Mas não é tudo o que preciso para ser um bom professor.

Vi que a "senhora G", a professora do filme, teve que fazer sacrifícios que estão cada vez mais difíceis de serem vistos: acabar com seu casamento e trabalhar dois turnos para pagar os custos do turno em que é professora. Tudo isso por amor aos alunos, parece licença poética. Mas me lembrei que o filme é baseado em fatos reais e aí foi que me assombrei. Será que tenho que largar minha mulher para ser um bom professor? Será que terei que trabalhar de madrugada (já trabalho os três turnos para sustentar minha família) para poder custear meus projetos?

É aí que a brilho da ficção se desfaz e caímos na triste realidade do professor brasileiro. Não sei quanto tempo meus ideais me motivarão para dar o melhor de mim. Não culpo os colegas professores que já agonizam na sobrevivência docente de cumprir tabela. Eles foram consumidos pela expectativa de que a velha ladainha reivindicada fosse atendida. Mas sabemos que estamos longe de sermos bem pagos e reconhecidos.

Então o que nos resta? Como motivar os alunos se nos falta motivação? Como pedir aos alunos que sacrifiquem horas de estudo para serem pessoas melhores se nós mesmos, que estudamos, não nos sentimos pessoas melhores?

Acho que a resposta é: Mensagem positiva e REVOLUÇÃO.

Estou começando com a primeira parte. Espero que a revolução venha com o tempo...

Bom início de ano letivo para todos!