domingo, 8 de agosto de 2010

LIVRO: INSTRUMENTO ATEMPORAL



Acredito que desde a invenção da imprensa, em meados do século XV, o livro passou a ser a expressão máxima do acúmulo e socialização do conhecimento. Muitos, porém, acreditam que a era moderna está trazendo a este símbolo do saber, seus derradeiros dias.

Não há dúvidas de que a novidade dos e-books, blogs, twiters e tantas outros modismos tecnológicos, representa uma ameaça ao livro. Mas eu acredito que este velho amigo ainda viverá muitos anos, pelo simples fato de que ainda não superaram suas principais caracterísitcas: valor intelectual, perenidade e praticidade.
Eu comecei com esses e-books quando comprei meu primeiro MP4. Confesso que a leitura foi, no começo, um vislumbre total. Mas quando, sem querer deletei meu primeiro e-book, comecei a perceber que livros digitais são facilmente descartáveis ou corruptíveis. Não dá para confiar que um vírus não possa bagunçar as informações de um e-book, tampouco afirmar que ele estará seguro por décadas, dentro de um pendrive ou HD. Olhando para as minhas velhas estantes, vejo um livro de psicologia datado de 1971. Mais adiante, na prateleira das gramáticas, vejo o meu primeiro livro de cabeceira: MANUAL PRÁTICO DE REDAÇÃO E GRAMÁTICA, do professor Alpheu Tersáriol, edição de 19?? ... Essas minhas preciosidades perduram até hoje, pelo simples fato de estarem protegidas pelas poeiras e pelo esquecimento de uma necessidade que não se faz constante. Será que um arquivo digital poderia ser assim?
O valor intelectual de um livro também é algo cuja legitimidade é mais difícil de ser questionada. O nome do autor, da editora e de todos os envolvidos no referencial bibliográfico de uma obra impressa, endossam a existência de um livro. Nesta era de informações, muitas bobagens e pseudoinformações são encontradas em links sérios (veja por exemplo a Wikipedia), blogs e tantos outros meios, posto que a filosofia atual é democratizar o conhecimento. Mas, com essa democratização, a quem cabe “o legitimar” esse conhecimento? Aos internautas? Com base em qual registro de propriedade intelectual? Google? Duvido muito que um médico, advogado ou pesquisador renomado usem como base, o conhecimento comumente divulgado em sites sem legitimidade. Isso seria, no mímimo, temerário.
Por último, mas não menos importante, vem a questão da praticidade. Hoje já se pode comprar um tipo de livro eletrônico, para se manusear e ler sentado numa praça, tal e qual faríamos com os livros tradicionais, de papel. Mas esses livros são caros, delicados e muito mais descartáveis que os tradicionais. Dia desses deixei cair uma valiosa gramática numa poça de água, durante uma chuva. Coloquei o livro para secar e estou lendo-o para um trabalho monográfico. Se fosse um livro eletrônico, minha monografia estaria ameaçada pela inutilização de uma das minhas fontes de pesquisa. É simplesmente assustador pensar que uma bateria fraca ou um pouco de água possam danificar uma obra. Livros de papel são bem mais resistentes. Faça um teste: derrame umas gotas de água sobre seu computador ligado. Pensando bem, melhor não fazer isso!!!
A única coisa que eu lamento profundamente, em relação ao livro, é o seu alto custo. Mas se considerarmos a relação custo-benefício, melhor que seja assim. É da natureza humana valorizar o que tem valor comercial.

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