sábado, 14 de agosto de 2010

E lá se foi mais um dia do estudante...


Um colega de longas datas postou recentemente um artigo no portal do Diário. Estimulado por um amigo, fui lá e postei um "pequeno" comentário. Gostei tanto do que escrevi que resolvi trazê-lo para o blog. Aqui está:

Prezado professor:

Apesar de ver as boas intenções no seu discurso, não posso deixar de discordar dele em alguns pontos.

O primeiro deles é sobre a assertiva de que devemos “tomar o mundo feito coca-cola”. A analogia carrega um aspecto negativo que talvez o senhor tenha esquecido: o vício cirrótico do descaso e do relaxamento em nome de uma escola mais livre e simpática. Se o senhor observar os índices das escolas e as práticas que, como o senhor bem colocou, já fazem parte da praxe dominante dos calendários escolares, verá que o prazer dessa “coca-cola” que se busca, só dá gazes e açúcares noscivos às comunidades escolares. Não se vê esse tipo de “refrigerante” nas melhores escolas de Manaus. O Colégio Militar de Manaus, por exemplo, está com um Ideb médio de 6,0 desde que o índice foi criado. O mesmo se pode dizer das escolas da rede estadual que também tiveram bom rendimento. Tenho certeza de que lá, nessas escolas, não se busca florear a vida, mas estudá-la para se aprender novas formas de lidar com os desafios que a modernidade nos impõe. Assim como o dia tem três jornadas de oito horas, a vida tem três momentos distintos: o do descanso, o do trabalho e o do lazer. O desequilíbrio faz nascer as paixões que crescem e viram vícios sociais.

Acredito e concordo com o senhor: Podemos tornar a escola cativante com ações mais pedagógicas e menos demagógicas. Dar esse tipo de festa é a mesma receita que muitos políticos aplicam ao povo. Pão e circo não os deixará ver o grande problema que está por trás das tendas da educação. Se as escolas se tornarem mais informais do que já são, deixarão de ser escolas e passarão à condição de praças e centros de recreação. Enquanto isso, nosso Ideb geral vai sendo motivo de risos...

Os concursos públicos e os melhores empregos cobram conteúdos, professor. As escolas apresentam conhecimento, mas só se sai bem nos exames nacionais aquelas que valorizam a cultura e a disciplina. Enquanto a bola for jogada por esta regra, haverá a necessidade de ensinarmos e avaliarmos nossos alunos por provas escritas desta natureza.

O que me magoa e deprime é saber que, enquanto a sociedade não valorizar o verdadeiro conhecimento, veremos professores perdendo a motivação. Saímos das faculdades motivados, idealizados e idealizadores de uma educação que quebre esse círculo vicioso. Mas somos vencidos pela turma do “deixa disso”, que convive nas escolas promovendo festinhas para que não ocorram aulas normais. O que se ensina nestas festas? A dança do “rebolation”? A ver um filme de violência pela violência? O que aconteceu com os passeios aos museus? O que aconteceu com as visitas aos prédios culturais ou mesmo com a tradicional visita à Coca-cola, para saberem que esse famoso refrigerante surgiu como um remédio para dor de barriga?

A educação está na fase da metástase. Pena que não estejam buscando a cura para os problemas, mas a explicação para os sintomas.

A natureza do estudante é o estudo. E a etimologia de “estudo”, segundo Houaiss, compreende palavras que considero ótimas para terminar esse meu comentário: TRABALHO, CUIDADO, ZELO e VONTADE.

Feliz dia dos estudantes a todos que estudam!

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